Os contos aqui não estão publicado de forma linear. Alguns foram escritos antes, mas publicados depois como memórias, como este. Depois da tempestade de lágrimas, veio o arrependimento ao lembrar de todos os bons momentos. A dúvida se instaurava novamente em sua mente e já não achava mais que tinha tomado a decisão correta.
- Eu senti no meu corpo que eu preciso disso, mas não consigo me ver distante dele. Como isso é possível?
Ela tentava traduzir em palavras entendíveis o que ela sentia, mas ainda estava tudo tão caótico, que não tinha certeza das suas próprias escolhas.
Passados alguns dias, ela percebeu a liberdade que tinha ao não ter mais as responsabilidades de outra pessoa sobre seus ombros. Ela era por ela. Encontrou a resposta.
- É isso pelo que eu venho lutado a minha vida toda, por essa liberdade. É o que eu sempre quis e eu não quero perdê-la, eu não vou perdê-la! - pensou.
A liberdade pedia em troca, desapegar de tudo que era ruim, mas também de tudo que era bom, pois não havia como separar o joio do trigo. Não era preto e branco. Era cinzento como o dia em que aspirava a casa.
- Estou pronta! - pensou enchendo o peito de ar. - Estou pronta para abdicar desta relação, de tudo que tem bom nela! Pode ser que eu nunca encontre outra pessoa com tudo isso que ele tem de bom, mas a minha liberdade é mais valiosa que isso. Eu sei que não estou sozinha. As Deusas estão comigo e todas aquelas que vieram antes de mim.
Foi então que conseguiu expressar tudo que sentia com coragem, confiança e certeza da sua verdade.
Ele disse que entendeu, mas ela não tinha mais fé nele. Não tinha mais esperança que ele mudasse. Talvez até mudaria, mas ela não achava mais que poderia continuar ao lado dele nessa transformação.
Conversaram muito e então foram se encontrar. Uma decisão que ele tomou, havia novamente acendido a vela da esperança no seu corpo, que agora parecia querer dar uma nova chance.
Depois de muitas palavras e muitas lágrimas, eles decidiram terminar. Terminar aquele relacionamento falho, que já cabia mais aos desejos de ambos, para então tentar algo novo, instável, desconhecido, mas que sempre colocasse o desenvolvimento pessoal de ambos em primeiro lugar. Ninguém colocaria mais o peso sobre o outro, pelo menos tentaria.
Os dias foram se passando e ela realmente sente que as coisas estão mais leves e mudando pouco a pouco. Ambos se esforçando para não entrar nos moldes sociais de um casamento que colocam a mulher como mãe e o homem como filho a ser servido.
O que ela não imaginava é que nesse meio do processo, das suas autodescobertas, emergiria Mistress Cora, sua persona dominadora, lhe mostrando que nenhum homem será capaz de suprir todos os seus desejos e expectativas, mas que uma legião de escravos poderiam lhe divertir e satisfazer suas vontades mais loucas.
Esse foi o final que escrevi naquela época. Hoje, não acredito que nenhum escravo vá me satisfazer e sim, buscar o meu prazer nas escolhas que faço diariamente, sendo elas praticando com escravos, escrevendo aqui o que sinto e penso, ou em qualquer outra forma de expressão da minha arte e quem eu sou.
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