Memórias que antecederam a origem da Mistress Cora.
Coraline desde seu primeiro contato com o feminismo, sempre esteve ligada a ele, mas nunca se via como feminista até estudar o movimento a partir de um viés decolonial.
Além de artista visual, ela também é artista da beleza e uma de suas paixões é embelezar outras mulheres ajudando-as a se sentirem maravilhosas em sua própria pele.
Ela não imaginava que seu mundo iria virar de cabeça para baixo, sacudir geral todas as suas estruturas, quando ela conheceu uma cliente feminista, vegana e que decidiu virar Criadora de Conteúdo Erótico.
-Como assim ela é feminista, vegana e cria Conteúdo pra uma indústria que objetifica e explora milhares de mulheres??? - Pensou.
Isso ficou ecoando na mente dela, já que tocou em um dos seus pontos contraditórios, pois ela sempre consumiu Conteúdo erótico e pornográfico, junto da culpa por estar fazendo algo "errado".
Já não era a primeira vez que ela atendia essa cliente. Conversavam bastante sobre assuntos desse universo todo, mas ela queria ir mais fundo e saber mais. Então, ela decidiu perguntar pra cliente S:
- Desde que você me falou do seu trabalho, esses questionamentos não pararam de passar pela minha cabeça. Imagino eu, que como você é feminista e vegana, também deva ter refletido sobre a questão de estar alimentando uma indústria exploradora de corpos femininos de todos os tipos. O que tu pensa sobre isso? - Escreveu por mensagem no aplicativo de bate-papo, tentando ser o mais delicada possível.
S respondeu dizendo que havia sim pensado em tudo isso, mas que havia uma vontade dentro dela de querer produzir esse tipo de conteúdo. Depois que ela entrou e começou a fazer parte dessa comunidade de Sex Workers virtual, ela descobriu uma rede de mulheres que se apoiam muito e estão ali protagonizando seu prazer e escrevendo suas próprias narrativas.
Ao ler isso, sua mente explodiu em inúmeras possibilidades, em uma velocidade tão rápida que nem conseguiu captar todas elas, mas uma coisa era certa, ela se sentiu menos pesada. Coraline já produzia algumas fotografias e vídeos eróticos e pornográficos como fetiche para provocar seu parceiro quando ele tinha que viajar, mas a verdade é que ela percebeu que não produzia pra ele, era pra ela.
Ela sempre teve um senso estético nesse tipo de produção, mesmo que fosse só para aquela finalidade, o que a deixava frustrada, porque o conteúdo era tão lindo, que ela queria colocá-lo em um lugar de maior destaque.
A partir destas novas sensações e percepções, ela começou a desbravar esse novo mundo, pesquisando a fundo como funciona o trabalho dessas mulheres e o que é a arte erótica.
Com isso tudo, ela começou a se explorar e experimentar os autorretratos, o que lhe trouxe um novo olhar para seu corpo, um olhar amoroso e carinhoso, uma aceitação da sua própria beleza, um reconhecimento do quão gostosa ela é, despertando-lhe o prazer pelo próprio corpo.
-Desconheço mulher mais gostosa do que aquela que domina seu próprio prazer. - Esse foi um dos pensamentos que começaram a emergir dos seus processos experimentais.
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