top of page
template links.png

POST

Coraline - O despertar da magia

Atualizado: 7 de out. de 2021

Decidi começar meu Blog com o conto que me ajudou a desbloquear minha escrita.


A história surgiu em imagens com diálogos na minha mente, enquanto em tomava um banho.


Achei que seria uma boa história, deixei a insegurança de lado e deixei fluir. Tentei ao máximo não me julgar no processo por usar palavras repetidas, por não estar usando estrutura gramatical correta e mais várias frases sabotadoras que aparecem durante nossos processos, para nos impedir de ir além.


É uma ficção que se entrelaça com a minha realidade e a de algumas mulheres. É sobre seguir sua própria voz e reconhecer seu corpo como instrumento de poder e de subversão do sistema. É um conto feminista, mágico e fetichista.


CORALINE – O DESPERTAR DA MAGIA


Coraline, é uma mulher branca, estudante de artes visuais, feminista, bruxa, com signo solar em áries, de ascendente em escorpião. Ela tem passado por um processo de transformação bem caótico, flutuando entre altos e baixos, descobrindo suas forças e fraquezas, suas luzes e suas sombras, mas nem fazia ideia do que ainda estava por vir: o despertar da sua magia.

Entre páginas, vídeos, imagens e experimentos dos seus estudos feministas e de bruxaria, ela começa a se experimentar na arte erótica, mais precisamente fotografia e vídeo-performance, compartilhando seus processos em suas redes sociais. Nesse percurso, ela se depara com a arte da dominação e as práticas do BDSM.

Após dias mergulhadas nos estudos, tendo muitos sonhos eróticos e não-eróticos, onde estava ora em posição de dominação, ora em posição de submissão, somadas à muitas dores e tensões corporais provocadas por crises de ansiedade, ela conhece virtualmente um homem que queria ser seu submisso, o escravo A. Decide, então, aceitá-lo e se experimentar, para tentar encontrar as respostas que estavam para além das palavras, aquelas que se encontravam no campo do sentir.

Aos poucos vai se empoderando e sua arte se transmutando, trazendo à tona sua persona dominadora. Então, começa a receber mais e mais pedidos de homens, em sua rede social, querendo ser seus escravos, o que a deixa um pouco feliz, surpresa e também com medo. Depois de conversar com vários, sente em outros dois homens, uma conexão que lhe faz também aceitá-los como escravos, o escravo V e o escravo L.

Em um de seus processos criativos, a partir de um exercício de uma das disciplinas do curso de artes visuais com a temática “arte de rua: processos inviabilizados pela sociedade”, ela cria um cartaz inspirado em um dos seus autorretratos do seu corpo nu, na sua persona dominadora e em uma frase que escreveu em uma das suas redes sociais, que dizia o seguinte: “Desconheço mulher mais gostosa do que aquela que domina seu próprio prazer”. Além da criação do cartaz, parte desta atividade consistia em colocar a arte na rua, pois este era o tema e como escreveu o seu escravo L, que estava lhe servindo na pesquisa do projeto, “lugar de poesia é na calçada”, trecho da música “Cada lugar na sua coisa”.

Empolgada, ela imprime vários cartazes, calça suas botas e sai para as ruas, mostrar sua arte, para talvez despertar algum questionamento, que fizessem as pessoas perceberem que uma mulher bonita é a que tem o poder de escolher aquilo que lhe dá prazer. Então, cheia de energia e entusiasmo em espalhar seu reinado de mulheres dominadoras, ela cola um dos cartazes em um poste de luz.

Eis então, que uma viatura aparece com dois policiais, eles param e a questionam:

- Ei! O que você está fazendo?

-Eu estou colando uma arte que fiz para a faculdade. – Ela respondeu um pouco nervosa.

Então, um dos policiais sai do carro, vai em direção a ela e vê o que está escrito na tal arte. Quando ele vê uma ilustração de um corpo feminino nu junto com a frase: “Mulher gostosa é a que domina seu prazer”, ele olha pra ela de cima pra baixo e deixa sair um sorriso levemente sádico, seguido da frase: “Você está presa.”

Coraline se sente acuada e com muito medo. Dezenas de rotas de fuga passam pela sua mente em questões de segundos, mas se vê sem escolha. Qualquer reação lhe parecia piorar a situação. Sem nenhuma solução aparente, que fosse contrária a seguir para dentro da viatura, ela segue seu destino prevendo o que poderia lhe acontecer. Enquanto isso, o policial segurava um dos seus braços com tanta força, que possivelmente seus dedos ficarão marcados na pele. Depois de empurrá-la brutamente no banco de trás da viatura, o policial entra e lança um olhar malicioso para seu parceiro, que responde com outro sorriso sádico.

Sorte ou não, ela é levada a delegacia, onde trabalham poucas pessoas, porém, todos eram homens. Seguem direto para a sala de interrogatório, cada um puxando um dos seus braços com força, com os mesmos sorrisos sádicos de antes e ninguém faz nada. Suas pernas tremem, seu coração parece que vai explodir o peito, sua pupila se dilata fazendo seus olhos parecerem pretos, gotas de desespero começam a brotar de seus poros e escorrer pelo seu corpo.

- “Por favor, alguém me ajuda!” - É o que seus olhos gritam, já que sua voz não consegue se projetar.

Eles entram na sala e trancam a porta.

-Sente-se vadia. – Um dos policiais fala com a boca salivando, enquanto o pau endurece.

Assustada, Coraline se senta e fica paralisada diante da situação.

-É uma cachorra mesmo. – Diz o outro policial.

Enquanto ambos abriam seus cintos e braguilhas, com as calças marcadas pela vara endurecida, Coraline fecha os olhos, respira fundo, tenta silenciar sua mente, rogando por auxílio e proteção da Deusa Mãe.

Quando eles estão prestes a segurá-la e violentá-la, eis que ela chega num furacão:

- Como ousam falar assim com sua Rainha. Vocês não são dignos nem de encostar em meu braço. – Exclama em tom alto e forte, enquanto se levanta apontando o dedo do julgamento para eles. É Mistress Cora que chegou, sua persona dominadora, que ganha vida para além do virtual.

A deusa mãe não é santa, não é aquela que lhe pega na mão e te tira do buraco, ela te dá a força e a sabedoria de transformar seu próprio corpo em uma arma, e assim, Mistress despertou sua magia.

Os dois policiais ficam um pouco em choque com a mudança repentina de personalidade, mas logo se recuperam:

- Sua filha da puta! – Xinga um dos policiais, já indo pra cima apontando uma arma em sua cabeça.

- Abaixe seu tom! Minha mãe não era uma puta, mas eu sou... e uma das bem más. – Exclama em tom alto, forte, incisivo, inclinando o seu corpo em direção ao policial, com a cabeça inclinada para cima, se fazendo parecer maior que o policial que era mais alto.

Não demonstrando intimidação diante a arma na cabeça, continua a esbravejar:

- Você também, seu merdinha! Cachorra é quem gosta de receber ordens, mas aqui quem manda sou eu! Ajoelhem-se!

Em choque, os policiais se entreolham, e tentam responder, porém só conseguem resmungar gaguejando qualquer coisa não audível.

– EU DISSE AJOELHEM-SE!!! NÃO ME FAÇAM REPETIR! – Mistress gritou.

Os dois policiais foram tomados por uma força que amoleceu suas pernas, fazendo seus joelhos dobrarem.

- Muito bem! Hahahaha!! – Ela exclama soltando uma risada alta e sádica, enquanto chuta a arma para longe e se posiciona atrás dos dois policiais – Assim que eu gosto dos meus bichinhos. – Disse passando a mão na cabeça deles. – Vocês acharam mesmo que eram dignos de usar esses paus sujos e nojentos em sua Rainha? – Continua a falar em tom de ironia, com a mão apoiada sobre a cabeça de uns dos policiais que tinha cabelo bem curto, enquanto a outra puxa o cabelo um pouco mais comprido que o do outro. – Vocês se comportaram muito mal e precisam ser disciplinados. De quatro!

Os policiais olham para aquela mulher, que parecia ter o dobro do tamanho, e sem entender ainda direito o que estava acontecendo, ela grita:

– EU FALEI PARA FICAREM DE QUATRO!!!!

Novamente seus corpos se movem, atendendo seus desejos mais inconscientes, assumindo a posição de quatro.

Mistress Cora pega os dois cacetetes dos policiais e, com um pendurado nos dedos, outro batendo na sua mão, somado ao seu olhar intimidador e ameaçador, ela diz:

- Somente uma boa disciplina os fará entender que seu lugar é aqui, sob meus pés. – Termina a fala apontando o cacetete para suas botas. – Quem sabe, eu posso até me sentir boazinha e deixar vocês lamberem meus pés. Eu andei tanto hoje, que eles estão muito suados e precisam ser limpos. – Exclama em tom de ironia, enquanto bate novamente um dos cacetetes em sua mão. – Quem quer muito servir sua rainha?? – Se inclina passando a mão livre na cabeça dos policiais.

Sem obter respostas, olha incisivamente nos olhos deles e diz:

- Quem vai ser o sortudo que irá poder beijar os pés desta rainha aqui? – Fala usando uma voz mais sedutora, tomando uma postura mais sinuosa, com o quadril mais de lado e colocando um dos pés de ponta.

Os dois policiais são tomados por um desejo competitivo e exclamam juntos: - Euuuu!!!

Raivosos, entreolham-se e começam a gritar um com o outro: “Eu”, “Não eu”, “Eu disse primeiro”, “Seu idiota serei eu”.

– SILÊNCIO!!! – Grita Mistress. – Nunca vi cachorros tão idiotas e indisciplinados como vocês. Primeiro acham que podem encostar em mim e ousam desejar me fuder, tenho que repetir para que vocês entenderem que devem se ajoelhar e ficar de quatro perante a mim, e agora não conseguem controlar a língua. Já que essa língua anda tão solta, coloquem para fora com a respiração ofegante!

Os dois policiais a encaram sem reação.

– AGORA! – Ela grita.

Como em um passe de mágica, suas línguas assumem vontade própria, começam a babar e respirar ofegante.

- Muito bem garotos. Assim que a Rainha gosta que seus bichinhos se comportem. – Fala novamente passando a mão na cabeça deles. – Só que eu não estou satisfeita. Só isso não faz sua rainha feliz. Eu preciso de dor ou melhor dizendo, de gemidos de dor. Minha vontade só será saciada quando eu vê-los latir. Só assim os deixarei lamber meus pés. – Fala sadicamente caminhando de um lado para o outro com o cacetete batendo em uma das mãos.

Enquanto isso, os policiais continuaram de quatro, com a língua para fora em respiração ofegante, esperando a próxima ordem.

-Ah! Já sei! Dá patinha. – Disse Mistress para um dos policiais indicando para levantar uma das suas mãos. – Você quer que beijar meus pés, certo? Você quer ver sua Rainha feliz, certo? Então, você aceita ser punido pela sua Rainha, sim ou não? – Sem resposta, repetiu incisivamente, olhando profundamente em seus olhos. – Sim ou não?

– Simmmmmmm! - Respondeu o policial, que recebe uma cacetada em sua mão ao final de sua fala. – Ahhhhhhiiiiii!!!! – Ele grita.

– É PRA LATIR! – Grita Mistress em resposta.

– Au Au Au Au Au!!!!! – Responde o policial.

- Sua vez! Dá patinha! – Diz Mistress se direcionando ao outro policial e repete as mesmas perguntas. - “ Você quer que beijar meus pés, certo? Você quer ver sua Rainha feliz, certo? Então, você aceita ser punido pela sua Rainha, sim ou não?

Seu corpo, dominado pela situação, o leva a responder sim. Quando o som do “M” termina, a cacetada alcança a palma da mão, arrancando um “Arrrrrghh....” e ao ver o olhar raivoso e profundo da Mistress, logo começa a latir.

- Maravilhoso! Sua Rainha está começando a se sentir feliz, mas... ainda não é o suficiente. – Diz ela batendo com o cacetete novamente na mão. – Como meus bichinhos estão se sentindo?? – Pergunta Mistress para os dois policiais.

Entre língua para fora, respiração ofegante, eles começam a soltar latidos, como se respondessem sua pergunta.

– Vocês realmente amam sua Rainha, não é mesmo? Podem beijar minha bota como recompensa pelo bom comportamento. – Disse ela sadicamente colocando, o pé próximo dos dois, que quase instantaneamente começam a beijar seu pé. – Chega! Chega! – Fala Mistress, ao mesmo tempo que espanta os dois sacudindo a perna.

Enquanto afasta-se dos dois policiais, ela continua a falar:

- Apesar de ainda não estar 100% feliz, por hora me dou por satisfeita, pois o tempo de vocês acabou. – Disse ela ao deixar os cacetetes sobre a mesa, enquanto pega um dos seus cartazes. – Marquem um horário para continuarmos nossa sessão. – Disse ela apontando pro seu email que estava escrito no cartaz. – E nunca esqueçam: mulher gostosa é aquela que domina o seu prazer. – Continua a falar agora apontando pra frase do cartaz.

Mistress pegou suas coisas, deixando apenas um cartaz pra trás, dirige-se a porta, destranca e sai caminhando pela delegacia a fora com toda sua firmeza, confiança e poder.

.....

Quantas vezes você mulher foi colocada em diversas situações, onde teve seu corpo violentado, seja com palavras, tapas, socos, objetos, tiros, facadas? Quantas de vocês que sobreviveram, gostariam de ter uma Mistress que te salvasse da situação?

Eu queria ter ouvido a Mistress em mim, no dia que segui um homem que disse que tinha as soluções para as minhas dores. No fim, ele só quis fuder meu corpo, minha alma, me humilhar e ainda me fazer sentir culpada.

A minha Mistress sempre esteve aqui sussurrando em meus ouvidos. Cada vez mais eu a reconheço diante do espelho, sinto-a no meu corpo, ouço suas risadas sádicas e sua raiva tempestuosa. Ensinaram-me a ter medo dela, mas quem tem que temer são aquelas pessoas que não são capazes de lidar com seu poder.

Seja muito bem vinda Rainha das tempestades! Que a sua magia me dê a força e a coragem para viver a minha verdade.

0 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Toda mulher precisa de flores

Eu nunca contei essa história pra ninguém, que ela não saia daqui. Há 2 anos atrás, em meados de abril, eu me mudei para uma casa ao lado...

Comments


bottom of page